Registrado na Primeira Pretoria Civil do Distrito Federal fls 1765, livro 99, sob o número 574. Constata-se o nascimento às 8 ½ horas de 16 de abril de 1918, na Rua Evaristo da Veiga 45. Foi parto normal assistido por parteira. (minhas desculpas por não ter guardado o seu nome) (não havia hospitais próprios e estávamos no final da Primeira Guerra Mundial). Filho legítimo de José Bernardino de Sousa Sobrinho, natural do Rio Grande do Sul, e de Sara Dias de Sousa, natural de Pelotas. Avós paternos:- Fábio José de Sousa e Eulina Paiva de Sousa; e avós maternos Manoel Jacinto Dias e Anna Thereza da Luz Dias. Como testemunhas Oswaldo Dias (2c) e João Nolasco de Souza. A certidão foi lavrada em 20.04.1918 e assinada sob o selo de 300 reis pelo escrivão juramentado Augusto Mosa de Castro. Nota-se que, nessa certidão todos os Sousas foram grafados com Z.
De acordo com a certidão de batismo da Igreja São José, Paróquia de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé, consta no livro 38 às fls. 36, o termo:- Elpenor, filho de José Bernardino de Souza e de Sara Dias de Souza, nascido aos 16.04.1918 foi batizado aos 27 de julho do mesmo ano, sendo padrinhos Elpenor Leivas e madrinha Anna Thereza de Souza. Destaco nesta parte as seguintes observações:- Era o dia do quarto aniversário de minha irmã Anna Thereza, “Natereza”, como era chamada por nós. Tinha eu 3 meses e 11 dias. Foi omitido o Sobrinho ao sobre nome de meu pai; e o Dias no sobrenome da minha irmã. Foram grafados com Z todos os Sousas. Tudo isso foi observado em um singelo documento.
Atualmente os livros são arquivados na Catedral Metropolitana- Arcebispado do Rio de Janeiro (R.J.Brasil), e nos documentos oficiais é posta a chancela de N.S., do Carmo da Antiga Sé. Isto só foi constatado em 5.10. 1978, por certidão solicitada pela Nadyr, minha primeira esposa, e que veio assinada por Moser Vital. Certidão essa, que foi um dos comprovantes encaminhado ao Papa, em Roma, para que viesse a ser concedida a licença para o nosso casamento sacramentado, que foi realizado na Igreja de Santana, em 26.09.1980, pelo Padre Estanislau. Minha irmã Thereza (78.2) e nossa sobrinha Teresinha (78.2.1), estiveram presentes ao ato. Nadyr conservou até sua morte um álbum de fotografias do evento. Foram nossos padrinhos, os então amigos, Pelágio Ribeiro, já falecido, e sua senhora D. Branca. Nossa madrinha tornou realidade um dos maiores desejos da Nadyr. Voltar a confessar-se e a comungar, o que ela fez com muita alegria.
A minha primeira comunhão foi feita na Igreja de Santa Therezinha, no dia 03.10.1930, no Rio de Janeiro. Nesse dia, no Rio Grande do Sul, estourava a “Revolução Constitucionalista de 1930”, sob o comando do Dr. Getúlio Dorneles Vargas, e eu estava com 12 anos, 5 meses e 17 dias.
As primeiras letras foram ensinadas pelos meus pais, e mais tarde, tal como acontecera com os meus irmãos , por uma professora gaúcha, de nome Maria Candiota. De acordo com a memória de meu irmão Oswaldo, chamávamos de D. Mariasinha, que tinha uma irmã de nome Odaléia. Havia na Rua Evaristo da Veiga n.45 (uma casa com porão e sobrado) uma cadeira escolar bastante sofisticada, que ficava em lugar destacado, na sala de jantar. Assentada numa prancha de madeira, com pés de ferro reguláveis. Recordamos, eu e meu irmão Coronel Oswaldo, recentemente, (outubro de 2000) e existência de um “buraquinho” que ficava na parte de cima, à direita, e onde colocávamos tinta, sempre num recipiente redondo. Por diversas vezes tivemos que trocar as capas de papel, (parecidas com o atual “impermeável”,) de nossos cadernos e livros. A maneira de colocar a tinta não era muito correta, tinha falha e, às vezes, na “pontaria”.
Em 1928 fui matriculado no Colégio Anglo- Americano (British American School) com a sigla BAS para cursar o Curso de Inglês. Meus irmãos Thereza e Francisco também ali estudavam(Cursos Normais). Era um dos melhores estabelecimentos de ensino do estão Distrito Federal, talvez o mais caro. Dirigido por Miss Coney. Ao que tudo indica, tinha sido eu, o único escolhido para, mais tarde, continuar meus estudos nos Estados Unidos, como era norma da família de meu pai. O Dr. Sousa, por exemplo, após completar seus estudos nos Estados do Rio Grande do Sul e de São Paulo, e depois de formado (Cirurgião Dentista e Farmacêutico) foi a Pensilvânia, e lá, na Universidade de Penspolônia, obteve o diploma de “Post Graduation”.
Assim, dos meus nove aos onze anos, fui um bom aluno da Classe Inglesa; pois era um dos poucos brasileiros ali matriculados. Tinha uma colega, de nome Maria José de Carvalho Mendonça, cuja família era muito conhecida por todos. Tenho uma fotografia ao lado de Armen Ohaniam, irmão da Olga e Eunice, colega do Anglo Americano e colega de farda em Recife de 1943.
Por certidão datada de 3.1.1931, de n° 20, passada pelo General Bernardino Vieira Lima, como Inspetor, sob estampilhas de 1000 réis, consta que Elpenor de Sousa, filho de José Bernardino de Sousa Sobrinho, natural do Distrito Federal, com 12 anos foi considerado promovido, nas matérias de admissão ao primeiro ano do Curso Secundário, de acordo com o Decreto de n° 19.404 de 14.11.30.
Lembro-me de alguns fatos relacionados com 1930. Quem continuava como responsável, pela condução dos irmãos Sousas, agora em número de quatro, era minha irmã Thereza(78.2). Íamos de bonde e tínhamos que atravessar a Rua Evaristo da Veiga para pega-lo na esquina, com a Rua Senador Dantas. Saltávamos em frente ao colégio na Praia de Botafogo, e se não me falha a memória, era o de nº 432.
Nesse tempo, eu e meu irmão Francisco de Paula Sousa (78.3) éramos escoteiros. Eu com 12 e ele com 15 anos. Eu era monitor e ele guia na U.E.B, (União dos Escoteiros do Brasil) do B.A.S. . Uma fotografia (preto e branco) é a prova de um acampamento que fizemos na cidade de Correias, em janeiro de 1931, com anotações feitas minha irmã Tereza (78.2). Boas recordações. Entre elas o prêmio de uma medalha “Honra ao Mérito” ganha em decorrência da aprovação de meus dotes culinários. Um lauto almoço feito no acampamento para todo o grupo de escoteiros. E, ainda, por uma anedota que contei. Aquela do papagaio que depois de jogado no galinheiro, pelo seu dono, (por não ter aprendido a falar), apertava o pescoço dos pintinhos e gritava: “diz titia”, “diz titia”. Almoço, com anedota, deve ganhar o prêmio? E consegui, eu entendo, o maior número de pontos, pela anedota.
Provando a promoção da 1ª série do Curso Secundário, em 1ª época de 1931. Existe a certidão de Exames nº 5, passada sob estampilha de 1000 réis, em 21.1.1932, e assinada pelo Inspetor Olegário Mariano. Nesse certificado lê-se com s, tanto o meu como o do meu pai. Foi omitido o sobrenome “Sobrinho”. A média foi de 7,12 sete e doze centésimos, sendo Portugues 9, Frances 8, Matemática 7, Desenho 7,1\3, Geografia 6, História da Civilização 5 e Ciência Physícas e Naturaes 7,5. Boas notas para quem cursara o primário em inglês. E, com sinceridade, foi mais pela grafia das matérias do que pelas notas obtidas que eu as transcrevi.
Documento que prova que Elpenor de Souza, com “z”, do Distrito Federal, nascido em 16.04.1918 foi considerado aprovado nos exames da segunda série, no ano letivo de 1932, com média geral 68, filho de José Bernardino de Souza, com “z” e sem Sobrinho, tem como número 02595, e foi assinado sobre estampilha, datado de 20.12.1932, por Enoch da Rocha Lima como Inspetor, no Ginásio de São Bento.
Salientamos que, como eu, meus irmãos Francisco e Oswaldo também cursavam o Ginásio de São Bento, com a orientação de Dom Meinrado Matman e, mais tarde, de Dom Bonifácio Plum. Até completar o Ginasial, em 1935, posso destacar muitos e muitos fatos praticados por um menino levado:- como “matar aula” para jogar futebol no campo do Ajemberg, perto da Praça Mauá. Às vezes de goleiro, outras de ponta esquerda. Com os resultados que pareciam aos de jogos de basquetes, como 13 x 10, por horas e horas de jogo. Ou então, a “suspensão”, por três dias, por ter tentado incendiar o ginásio. Isto tudo em decorrência de “um duvido” de um colega e de também “você não tem a coragem”. Achei uma penalidade muito grande para um acender de um fósforo em algumas folhas de jornal, por baixo da cadeira. O meu pai foi ao Ginásio e “quebrou o galho”. E mesmo, uma briga que tive com Joanito Rodrigues Lopes (que mais tarde faleceu na explosão do navio Bahia, como oficial de marinha). Ele era Chefe da Turma, (espécie de zelador pela disciplina) e havia me punido com “ficará de castigo, mais uma hora, depois das aulas”. Nesse dia, disse-lhe: - “Se és valente, me dispensa e me espera na ladeira”. “Ladeira” era o local indicado para as brigas, a mesma que dava acesso ao Ginásio. E ele me dispensou. Assim, embora Joanito fosse muito mais forte do que eu, por uma felicidade momentânea, consegui segurar o seu pé, ficou sem equilíbrio, e fiz com que ele caísse. A conseqüência foi desastrosa para Joanito. Bateu com a cabeça no chão, ficou com um grande “galo” e perdeu a briga. Para mim foi bastante proveitosa. A minha fama de “galo de briga” aumentou, e com isso eu era muito respeitado. Não era por menos, o meu irmão Francisco era o meu “guarda costas”. Mais velho, mais forte, com mais autoridade. O outro irmão Oswaldo, que tinha como apelido de “Mamuth,” dado a sua constituição física, (da qual eu sempre fazia referência aos meus colegas), e também, que ele era o meu outro “guarda-costa”. Entendia que, como era do conhecimento da turma, com os três irmãos juntos, jamais encontraria um adversário que não fosse derrotado. Cheguei a “cantar de galo” com um camarada de porte atlético, o Otto Gloria, que veio a ser, no meio futebolístico, um “bamba” do Vasco da Gama. Se não fosse a feliz intervenção de meu irmão Francisco, certamente teria levado uma bruta surra. Não me foi dado participar de agremiações estudantis. Era um simples sócio juvenil, do América Foot-Ball Clube. Jogava bola. Quase sempre de ponta esquerda. No tempo do Carola. Era do time juvenil. Campeonato interno. Nada se ganhava. No tempo em que o time era formado por um goleiro, dois beques, três alfes e cinco linhas. Onde impedimento era “off-side” e escanteio era ”corner”. Todavia, quando estudante, não deixei de visualizar atirarem pedras nos “meganhas”. Para quem não sabe : - era o apelido dado aos soldados da Polícia Militar. Usavam fardas de cor amarela e portavam sabres. A cavalaria era chamada para debandar os estudantes em greve, por exemplo , quando da campanha dos 30 e 40. Usávamos rolhas de cortiça que eram espalhadas no chão de paralepipedos, objetivando causar a queda dos cavalos e, conseqüentemente, as dos “meganhas”, que nessa hora usavam suas espadas. Meu irmão Francisco ficou com marca, nas costas, por muito tempo. Fora atingido, bem perto do local onde fica o Teatro Municipal. Estávamos a favor da campanha dos 30 e 40 (que seriam as notas mínimas para promoção do ano letivo). Não cabe avaliar, agora, se os motivos foram justos. Participávamos em decorrência dos fatos ocorridos à época, influenciados ou não.
Certos momentos de lazer, como estudante, podem ser aqui focalizados. Uma das fotografias, a mim devolvidas pela nossa irmã Thereza ( a A.T.) que consta de suas pinturas, dádiva que herdou de nossa mãe,(remate em o seus primeiros trabalhos em porcelana) focaliza uma visita que foi feita por todos os alunos com Dom Plácido e o professor Mac Fleus à Ilha das Cobras. No verso desta fotografia esta anotado a lápis “5°” ano ginasial do Ginásio São Bento-1935”, com a sua própria letra.
Um fato, sem adjetivo, aconteceu em janeiro de 1935. O Florêncio Augusto Esteves, sócio da Chapelaria Leivas, (no Centro do Rio, na Travessa do Ouvidor, de propriedade de meu Padrinho, Elpenor Leivas, residente à Rua do Bispo, em Catumbi), foi designado para providenciar a retificação, de meu nome, (de Sousa com z para Sousa com s). E, lamentavelmente, no dia 18, o Florêncio conseguiu o impossível :-Transformar um rascunho certo numa certidão errada. Pelo rascunho feito pelo meu pai, (que tinha letra de médico) bastante justificada, (pois possuía diploma de Farmacêutico, o que lhe garantiu servir como primeiro tenente na Farmácia do Exército, na Primeira Grande Guerra, e que existia na Rua Evaristo da Veiga) o nome da minha avó foi entendido como Eneida Paiva de Souza (com z) e se acha retificado para Eulina Paiva de Sousa. Se a grafia deu para confundir Eneida com Eulina, quem dirá um S com um Z. E, com essa possível explicação, que não justificam os demais erros, continuo assinalando as divergências, como disse antes, sem adjetivos, em respeito a quem venha as ler. Do dia 18.01.1935 passei a ser mais novo um ano (quase que me comparo ao meu pai sempre dizia ”sou o mais novo da família” pois só contava os aniversários de quatro em quatro anos (havia nascido em29.02) O registro, que segundo as anotações de meu pai, tinha o número 18, passou a ter o número 17, e eu, passei a ser nascido no ano seguinte, em 16.04.1919 na casa n. 128 da Rua do Rosário.( Isto deve ter sido outra fantasia) O n. 128 da Rua do Rosário não existe. A única indicação que há é que entre os números 114 (esquina com a avenida Rio Branco). E o n. 124 esquina com a Rua Miguel Couto, existe o espaço de Rua. A numeração par da Rua do Rosário é toda irregular:-110-112-114 (Banco do Estado da Paraíba), 124 (D. Sucupira), 130 (Costa e Torres), 134 (Cartório 12 Of.).E, o pior de tudo isto é que, na certidão consta como declarante o meu pai; e na análise, entendo que ele rascunhou certo e o Florêncio com o Antonio Culuchi ( o encarregado para regularização), e ainda, o escrevente juramentado, tornaram fantástico o fato. Felizmente não erraram na transcrição do sexo(continuei masculino).Porem os Sousas (dos nomes dos meus pais) continuaram com a letra z; todavia(os sobre nomes de meus avós), como já foi dito, foram retificados, e assim pode-se ler a correção para Fabio José de Sousa, isto depois do “digo” e da “vírgula”. Como observação consta que esse registro foi feito em virtude de justificação despachadas pelo Dr. Juiz. Por esse motivo, em certa ocasião, tive que pagar, mais cinco mil réis, por nova certidão, com Elpenor de Sousa, com “s”, pois o Juiz exigia que a mesma fosse passada com “inteiro teor”. O que me informaram:- Não podia ser feita a alteração, nos sobre- nomes dos meus pais, uma vez que as linhas já tinham sido inutilizadas com “traçinhos”, e tive eu de pagar ,mais cinco mil réis, que naquela hora era uma fortuna.
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