O assunto, agora, está se tornando mais complexo, o por isto devo esclarece melhor. É aquele resultante das minhas pesquisas feitas na Biblioteca Nacional. Naquele tempo, que não existia o ”Google” de hoje. O uso de palavras muito pouco conhecidas, como exemplo: parassematógrafo.
Parassematógrafo é aquele que é perito em parassematografia. Um heraldista o que trata de heráldica. E, heráldica é a arte ou ciência dos brasões. Ou melhor:- Heráldica é a ciência que estuda os brasões e possibilita compor ou interpretar as armas e demais distintivos de nobreza. Para alguns estudiosos a origem dos brasões é anterior ao tempo das cruzadas. Há um selo de Robert I. Conde de Flandes, aposto em uma carta em 1072, no qual esse nobre aparece a cavalo, sustentando nas mãos uma espada e um escudo com a figura de um leão.
Em Portugal o mais antigo é o chamado ”sinal redondo de D. Affonso Henriques”, afixado em pergaminho datado de 1183. Para muitos, todavia, data do tempo das cruzadas e só começou a ser codificada em fins do Século XIII. As competições e as justas (combate de dois homens armados de lança), os nobres desportos da sociedade medieval, obedeciam a um rito. Seus cavaleiros, com os seus ornamentos davam colorido aos torneios que disputavam. O termo “brasão” nasceu do alemão balassem (dar cor). Brasão é, pois um emblema ou insígnia convencional adotado como sinal distintivo. No início era para distinguir o militar ou o indivíduo. Servia para que fosse identificado, de pronto, num torneio ou numa batalha, aquele que tinha a cabeça totalmente coberta por um elmo (capacete).
Assim, o brasão tornou-se hereditário de uma família. Podia também distinguir uma comunidade, uma ordem de cavalaria ou até uma ordem do mérito. Em alemão “Herald” significa mensageiro militar. Esse oficial tinha que reconhecer, de pronto, as divisas, sinais, símbolos e armas dos combatentes. Ele era também, encarregado de notificar as declarações de guerra. É por grande número, entendido que, a raiz comum das insígnias é uma cruz que os cavaleiros usavam às suas costas (armadura de couro retorcido ou de malha de ferro que cobria a capa) nas lutas, pela reconquista do Santo Sepulcro.
A heráldica tem uma série de leis que regem a composição, o emprego, a transmissão e a conexão dos brasões, com títulos e genealogia. As dimensões do escudo respeitam a proporção de seis de altura por cinco de largura. Dá-se o nome de “esmaltes” aos metais, cores e peles que ornamentam o campo do escudo ou as figuras. A prata é significativa da pureza, integridade, obediência, firmeza, vigilância e eloquência. O ouro simboliza nobreza, magnamidade, riqueza, poder, luz, constância, sabedoria e se expressa graficamente pelo amarelo. A cor vermelha (goles) denota fortaleza, vitória, ousadia, alteza e ardil. A cor azul (blau) representa justiça, céu, verdade, lealdade, caridade, e formosura. A cor verde (sinople) denota esperança, fé, amizade, serviço e respeito. A cor preta indica prudência, tristeza, rigor e obediência (sable). A cor púrpura (violáceo) embora não seja verdadeiramente heráldica significa grandeza e sabedoria. Ao campo branco ou de prata pontilhado de pequenas manchas negras, dá-se o nome de arminho (peles). Essas manchas significam a inclinação pelas viagens por terra ou por mar; e também representam a pureza. Dá-se o nome de veios a certas copas ou vasos de vidro que aparecem em heráldica, na forma de sinetas, sempre azuis ou de prata. Os veios constituem sinais de dignidade. Mudam o nome para contra-veios quando o metal é oposto a um outro, e uma cor é oposta a outra. São utilizadas hachuras (linhas de sombra) quando o desenho não é colorido. O ouro é marcado por um pontilhado. A prata permanece em branco. A goles (cor vermelha) é representada por traços verticais. O azul por traços horizontais. O sable (preto) por um quadriculado; e o sinople (verde) por riscos diagonais de destra para sinistra (do brasão), e a púrpura por diagonais em sentido contrário. Os grupos de figuras admitidas em heráldica são quatro.
(I)-Figuras próprias ou heráldicas (cruz, banda, barra, barra filete, anéis, etc ).
(II)-Figuras naturais tiradas da natureza (9 grupos) astros, elementos e figuras humanas, quadrúpedes, aves, répteis, insetos, peixes, plantas e minerais).
(III)- Figuras artificiais (objetos usados nas cerimônias sagradas, profanas, objetos bíblicos, de música, de caça, pesca ou navegação).
(IV)-As figuras quiméricas simbolizam animais fantásticos que inexistem na natureza (centáuros, minotauro, serídia, etc.).
O escudo é a parte essencial dos brasões, porem restrita. O grau de nobreza e dignidade de seus possuidores é indicado, em ornatos exteriores (coroas, coronéis, elmos, insígnias e coronel [coroa que remata a parte superior do escudo]).
Para melhor entendimento dou algumas palavras usadas normalmente:
Caderna:- reunião de quatro peças semelhantes, em um escudo.
Quina:- cada um dos cinco escudos que figuram nas armas de Portugal.
Ponta. Esquina:- esquartelar: ( dividir o escudo em quatro partes).
Escudete:- escudo pequeno.
Besantes:- Rodela semelhante à moeda, lisa, que não se põe nos escudos de armas.
Sautor:- Figura formada por dois objetos dispostos em X ou de maneira que imita a cruz de Santo André.
Fiozinho:- Insígnia heráldica em forma de filete.
Timbre:- Insígnia apensa exteriormente ao escudo.
Bordadura:- Orla. Ornato que limita a superfície, a beira.
Quaderna:- Objeto composto de quatro peças em quadrado.
Já mencionei que, há muito tempo, que eu frequentava a Biblioteca Nacional com o objetivo de conseguir melhores esclarecimentos para colocar na sequência de fatos que aqui transcrevia. Todavia não mencionei as fontes. Uma delas, bem importante, é a que tem por título “Brasonário de Portugal” do autor Matos Armando. Posso esclarecer que solicitei esse livro, indicando o catálogo 23.4.6 no dia 21.11.89. Eu não sei a razão dessa requisição não ter ficado na Biblioteca Nacional. Hoje em dia é diferente, estão modernizadas, as requisições são feitas, por exemplo, por intermédio de computadores.
Para não esquecer, se observarem um traço negro em um brasão é um sinal obrigatório de que o brasão foi concedido a um filho bastardo. Por exemplo, o que foi concedido pelo 5º Rei de Portugal ( D.Affonso ) , pois, o Rei “admirava” mais o filho bastado, do que o natural. Este, mais tarde, o 6º Rei de Portugal, ou seja, D. Diniz “ O Lavrador”(1261-13250.
Para um melhor confronto poderão ser consultados diversos livros a respeito do assunto, ou assuntos, que foram focalizados nesta pequena estória. Exemplos:- Armonial Português, de Ferreira; Brasonário de Portugal, de Armando Mattos; O Arquivo Heraldo Genealógico, de Sanches Baena; Armaria Português, de Bramcaps Freire. A Heráldica dos Bastados Reais Portugueses, de Mattos Armando; Resenhas das Famílias Titulares e Grandes de Portugal, de Pinto Albano e Antero da Silveira; Livros e Brasões copiados de varias peças de louças, de Souza Augusto e Cesário de Campos; A Heráldica Literária, de Vitória Franscisco Marques de Sousa; Brasões da Sala de Cintra, por Bramcan Freire (Coimbra 1921-Vol. 1) e muitos outros.
A carta brasão de armas mais antiga foi mandada passar a Gil Simões (irmão do escudeiro Vicente Simões) por El-rei Dom Duarte (11° Rei de Portugal “O Eloquente”) em 1433.
Como Rei de Armas de Portugal existiu Pedro de Sousa e exerceu o cargo de 30.6.1755 a 25.6.1760.
Das cartas de brasão d’armas de 2.452 famílias que, em Portugal as requereram e obtiveram, há notícias histórico-heráldicas, genealógicas e a explicação das mesmas famílias em um índice heráldico.
Em tempo oportuno abordarei o assunto relacionado com a Segunda Grande Guerra, que foi deflagrada em setembro de 1939, e depois de alguns meses , em 1942, o Brasil acabou entrando na guerra ao lado dos aliados. Lembro-me que nessa época meu irmão Francisco (78.3), como Dentista tinha sido convocado para prestar serviços junto a FEB, ( e por isso mais tarde recebeu elogios e ua medalha), Eu tinha sido convocado. Meu irmão Oswaldo (78.5), como aspirante estava integrado na FEB,
Em nossa janela, na Rua Batista das Neves n. 40, tal qual acontecia em muitas outras, havia um emblema do 5º Exército Americano e o da Cobra Fumando que representava a FEB do Brasil. Ambos tinham sido confeccionados por mim, enquanto aguardava o meu embarque.(não sabia para onde iria). Lembro-me que, na despedida, meu pai levou-me de taxi ao R.A.A.Ae.
Até hoje ao me recordo do nosso “bota-fora”. Eu muito orgulhoso e ele sacudindo a sua mão direita. Foi em Realengo, perto do Regimento Sampaio, do qual, muito mais tarde, meu irmão Oswaldo (78.5) seria o Comandante, e lá também seria homenageado pelo maestro Souza, com uma marcha marcial, denominada “Coronel Oswaldo Sousa”.
Posteriormente, ou melhor, depois de passado o tempo do “Comando Militar”, o Coronel Oswaldo exerceu diversos cargos em quase todas, as Secretarias do Ministério da Guerra. Foi também o Diretor da Sunab e Delegado Regional da Polícia Federal. As minúcias, fatos relevantes e particularidades de cada setor, acho eu, que deveriam ser por ele relatadas. Agora, não é mais possível. Sua firmeza de carácter e integridade moral sempre estarão presentes.
Não ouso dar, aqui, meu testemunho e minha interpretação sobre isso. Mas não posso deixar de mencionar o motivo, injusto, de sua transferência, muito antes, para servir em Caruaru, bem como, suas providências e ideias, nunca entendidas por quem, lá no norte, poderia ter minimizado os sofrimentos, principalmente, a falta de água, e sistemas de abastecimento.
Pequenos exemplos para muitos, mas sem importância, para quem poderia ter solucionado, ou mesmo contribuído para soluções de importantes problemas do nosso Brasil, Isto a mais de 50 anos.
Todavia, meu irmão Oswaldo requereu e obteve um pequeno adiantamento na Região. Comprovou a aquisição de um caminhão, comprovou e contratou um motorista, comprovou e adquiriu toneis, etc... E, assim, todos, sem pagar nada, tiveram suas caixas d’água sempre cheias. E, Oswaldo fez questão de recolher, o saldo do adiantamento, na Região.
Depois de ter sofrido o desastre, ter tido alta do H.C.E. , em 6.7.43, recebi telegrama de meu irmão Oswaldo, (que guardo até hoje,) foi em 28.Set.43. Veio de João Pessoa, em CTN (carta telegráfica noturna). Tinha eu, em Recife, desde o início, alugado um quarto, de frente, para dormir, mudar de roupa, almoçar e jantar. Era situado bem perto do quartel. O texto do telegrama: Dado boletim Ministério da Guerra, número 214 tua transferência para Quartel General Rio Providencia respeito comunico resultado ass. Oswaldo
Mais dificuldades. Falei com todo o mundo. Estava com icterícia, tinha perdido muitos quilos (cerca de oito), com redução muscular, e demais “resíduos” do desastre, com alimentação especial, recomendada. Até que, tal Boletim chegou ao Regimento. E, um outro. de n. 1.526-S que autorizava a minha volta ao Rio, todavia pelo Rio São Francisco. (Naquele tempo a alimentação nas balsas-navio era um pedaço de rapadura, e só. E, de seis a oito dias de viagem .Minha sentença de morte estava decretada...
Então, pedi autorização do Comandante do Grupo para falar com o Comandante da 7ª Região Militar (Era da Aeronáutica- Brigadeiro Eduardo Gomes que mais tarde seria candidato a Presidente da República e que hoje o seu coração está acondicionado em vidro no Ministério da Aeronáutica). A ele eu solicitaria permissão especial para viajar de avião, dado o meu estado de saúde. Se viesse pelo Rio São Francisco, provavelmente, morreria. Resultado: Resposta do Brigadeiro:- “Praça não viaja de avião”.
Desiludido, voltei ao Regimento e lembrei-me de que, recentemente, havia sido terminado o campo de aviação americano, em Ibura-Recife. (Os locais de guarda dos aviões haviam sido cavados em rocha bruta). E, tinha tido diversos entendimentos com dois filhos de ingleses (o cabo Armem Hohanian e com o Tenente da Reserva, Convocado, John Lues Marquense Smith). Este último requisitou um jipe e fomos ao campo de aviação dos Americanos. Para abreviar: Pergunta a mim pelo oficial americano: “A que horas o Senhor Deseja viajar? ”Eu respondi: A hora que o Senhor determinar, mas eu tenho que entregar o material em meu poder ( era um saco, uma mochila, um cantil, paus de barraca, e a barraca). E, a parte mais interessante dita pelo Oficial Americano: “Então volte e quando chegar embarcará no primeiro avião para o Rio”.
“Quando retornei, vim no primeiro avião Douglas Bimotor, ao lado de General e de Capitão, muito contente, lembrando de que: “No avião americano ‘praça’ podia viajar”. Cheguei ao Rio e dei tempo para me apresentar (considerando oito dias que gastaria pelo Rio São Francisco). Havia sido transferido para o Rio, não “para morrer” (as minhas únicas palavras como resposta ao Ajudante de Ordens e filho do General Presidente da República Eurico Gaspar Dutra), ainda no H.C.E., de Recife, em lugar de frutas, como os demais, que estavam internados pediram, pois as frutas estavam “na época”.
Aqui no Rio, fui apresentado em 21.09.43, transferido por conveniência do serviço, Fui cabo do Boletim. Fui cabo do 4º Pelotão. Fui cabo da Secção Extra e voltei para ser cabo da Tesouraria
Um fato acontecido, um pouco antes, aqui no Rio, que devo mencionar:- Estava eu, com as funções de “cabo da guarda”, no Quartel General do Ministério da Guerra. Tinha lido todos os Regulamentos que, alí deveriam ser observados. Inclusive os ”severos” a serem usados quando em atendimento ao telefone:- Não deveria ser dito os nomes e nem os postos de quem estivesse em serviço.. Cumpri o Regulamento. Porem o Capitão Claraz queria e gritava ao telefone :-para saber qual era o meu nome e qual Tenente que estava de serviço. Não era possível, assim dizia o Regulamento, por ter sido esta a falha e estratégia, usada quando da tomada da guarda do Palácio Presidencial ,na Revolução. Determinou o Capitão Claraz :- que eu fosse chamar o Tenente da Guarda. Acontece que o Tenente havia ido à Companhia; que era longe. Chamei então o Corneteiro e ele tocou:- “ Tenente da Guarda Urgente- Acelerado” Na Cia informaram que o Tenente estava indo para o Corpo da Guarda. A confusão foi estabelecida, Resultado: Todo mundo recebeu, do Capitão Claraz :- a ordem de prisão.; até o Tenente e o corneteiro . Passei três dias preso, na cadeia do Regimento, em São Cristovão. Isso foi muito injusto. Falei, mais tarde, com o capitão Claraz. Ele me deu razão, reconheceu, e houve a contra ordem .Nada constou em meus assentamentos. Minha irmã Thereza e uma ótima empregada Maria, levavam-me as refeições, porque eu tinha “desarranchado” por três dias, a única observação que restou desse período injusto.
Ainda nessa época, conduzido pelo cabo Carone e dois soldados, por ter sofrido um reflexo do acidente em Recife. Num vislumbre de situação mental afetada, na rua, disse ao cabo Carone que eu queria telefonar para o meu pai. Foi consentido esse desejo. Telefonei. Respondendo a pergunta de meu pai, “onde eu me encontrava? e para onde eu estava indo? O cabo Carone respondeu:- “Pavilhão Neuro-Pscopata, baixando o Hospital Central do Exército”. E isso só ,pois, o meu pai, havia chegado , de taxi, e usando a sua carteira de identidade de Tenente Farmacêutico, determinou ao cabo Carone, que cientificasse ao Capitão Claraz que eu estava sendo atendido, dado a urgência, por médico particular. E isso de fato aconteceu. Por diversas radiografias, naquele dia, foi constatada a fratura frontal, porém, com consolidação indevida, afetando o cérebro. Tive, então, que me submeter a um rigoroso tratamento médico Injeções , de manhã, á tarde, á noite. Radiografias diária , etc. etc... E, depois, (agora posso transcrever com a máxima tranquilidade). Tive que cortar papel. Serrar madeira. Pregar pregos pequenos, etc... Apreender novamente a Tabuada, em portugues; pois, só me lembrava da Tabuada em inglês “times-table,” que havia aprendido , quando garoto, no Colégio Anglo Americano, acompanhado, por música ao piano, tocado pela Miss Fany. Mais tarde, usando da minha reabilitação, fiz muitas cantoneiras, e as vendia, embora com pouco lucro.
Lembrei-me de um fato. O relacionado com a letra “S”. Foi no início de minha “carreira militar”. Na época de minha primeira apresentação. Tinha sido alertado pelo meu irmão Oswaldo(78.5)para, quando argumentasse, com qualquer um, de patente superior, adotar o pronome “meu”.( Foi a orientação que me salvou.) O Capitão Mourão estava preenchendo a minha ficha (Artilharia). Pergunta: Seu nome? Eu tive a audácia de soletrar: E L P E... O Capitão começou a ficar vermelho e censurando-me “ Você pensa que eu sou algum analfabeto ?”Usei, então, os ensinamentos de meu irmão:- “ Perdão, meu Capitão, garanto que o senhor nunca escreveu, nem tão pouco escutou o meu nome.” Está bem, retrucou ele ,”continuemos” . E ele perguntou: “seu sobrenome? “Sousa” respondi ; e deixei que ele continuasse suas anotações. E ele escreveu o Sousa com “Z”.
Aí, eu novamente “ Perdão, meu Capitão”, o meu Sousa é S.O.U.S.A. E soletrei bem vagarosamente. Tinha eu vencido a minha primeira” batalha” (por ter seguido, a risco, a orientação de meu irmão). E depois, com um: =“ é dessa gente que o exército precisa”= que o Capitão Mourão terminou a minha ficha, isto após eu ter esclarecido:- meu grau de instrução, quais as minhas especialidades, se eu falava Inglês, qual o meu” posto” na vida civil ,quanto eu ganhava etc...etc...